“The Garden of Words” [Kotonoha no Niwa] – 2013

Estou sem palavras. Sou uma apaixonada pelo trabalho de Makoto Shinkai. Acho que, a nível visual, não há, de momento, nenhum realizador de animação japonesa que lhe chegue aos calcanhares e sim, admito que posso estar a dizer uma enormidade. Todos sabemos que o Miyazaki é excelente. Adorei o trabalho de Hiromasa Yonebayashi em The Secret World of Arrietty e acompanho com gosto os filmes de Mamoru Hosoda, como já referi no artigo anterior sobre Wolf Children: Ame and Yuki. Mas o Makoto Shinkai está numa liga completamente à parte. Mesmo quando a história em si não é convincente, como, para mim, foi The Place Promised In Our Early Days 5 Centimeters Per Second, é impossível não nos sentirmos próximos dos personagens e sentirmos, com eles, os desgostos por que passam, as saudades que sentem de quem amam e a amargura de um final cheio de desencanto. E a animação? Meu Deus, a animação! Bom, adiante. The Garden of Words é a aposta de Makoto Shinkai para 2013 e um regresso ao formato que, na minha opinião, se adequa melhor às suas histórias: filmes curtos, de cerca de trinta a quarenta minutos. Afinal de contas o excelente, maravilhoso e doloroso Voices From a Distant Star é pequeno mas é precisamente por isso que vai directamente ao encontro daquilo que quer contar, sem alongamentos.

Este filme conta-nos a história de um rapaz e de uma rapariga que se encontram, por acaso, num dia de chuva. Nos dias de chuva que se seguem continuam a ir ter ao mesmo sítio e, mesmo sem saberem como se chamam, o que fazem ou a idade, criam entre si uma relação muito especial tornando-se, sem saberem, o pilar e a inspiração um do outro. Claro que, sendo um filme de Shinkai, há muita tristeza pelo meio. Mas é uma tristeza bonita, uma tristeza que, tal como nos dias de chuva, pode trazer consigo um fio prateado, um raio de sol ou até mesmo um arco-íris.

O filme é fluído, não se demora em pormenores que não interessam para a história principal e os detalhes da animação são deliciosos: o pormenor dos desenhos a carvão de Takao até aos sons que diferentes vegetais têm ao ser cortados. É um deleite para a vista e para o espírito. Vejam. São quarenta minutos do vosso tempo.