“Flowers for Algernon” – Daniel Keyes

Continuo a minha viagem de descoberta pelo mundo da ficção científica. Desta vez desviei-me por completo da lista do BuzzFeed e, se continuar a ter tão boas experiências assim, acho que a ponho de lado por completo e sigo os SF Masterworks, a recomendação de uma amiga de infância. Quanto a este Flowers for Algernon foi-me novamente sugerido pela minha querida Nancy Cantú (got it right this time!). Foi a segunda vez que segui uma sugestão dela e voltou a acertar no ponto.

Charlie Gordon é um adulto de trinta e poucos anos com um severo atraso mental. Submete-se a uma experiência que, em teoria, lhe aumentará o QI e o tornará num génio. Vamos acompanhando o progresso de Charlie através dos seus relatórios, que começam com uma linguagem básica e com erros e vão adquirindo uma clareza e inteligência impressionantes à medida que o próprio indivíduo evolui. Mas claro que há sempre uma contra-indicação.

O que gostei mais foi do carácter humano da história. Charlie tem a idade emocional de uma criança e, por muito inteligente que consiga ser, tem muito a aprender sobre a maneira como o mundo funciona. A inteligência não lhe traz aquilo que pensava: amigos, contactos, felicidade. Charlie aprende que essas coisas não dependem de quão esperto se é mas sim da bondade, integridade e humanidade de cada um. E isso, para mim, é uma mensagem bem bonita. A forma como a história se desenrola e, por fim, termina, também é muito emocionante e faz realmente pensar sobre o papel do cérebro nas nossas vidas. Como reagiríamos se víssemos o nosso corpo deteriorar-se rapidamente e, pior, se estivéssemos conscientes durante todo o processo? É algo sobre o qual penso muito. Perdi dois familiares devido a demência e testemunhei esse deterioramento. E não consigo sequer imaginar estar na pele deles. Às vezes concordo com a opinião das pessoas, que seria melhor o suicídio. Mas descansem, isso não acontece no livro. A exploração do comportamento humano influenciado pelo cérebro vai muito para além disso.

Dei-lhe cinco estrelas sem hesitar. Não chorei como pensava que ia chorar mas é muito inteligente, humano e dá muito que pensar.