“Uneasy Lies The Head” – Jean Plaidy

Uneasy Lies The Head, de Jean Plaidy, é um livro de ficção histórica que nos introduz a um período bastante importante da História de Inglaterra: a junção das casas de Lancaster e York através do casamento de Henry Tudor com Elizabeth of York que culminou no início da dinastia Tudor.

A imagem é feia mas é igual à capa da edição velhinha e amarela que tenho. Mil perdões.

Continuando. O livro abrange os primeiros anos do reinado de Henry VII – começa com o nascimento do primeiro filho, Arthur – e acaba com a ascensão ao trono de Henry VIII. Mostra-nos como Henry VII se encontrava numa situação delicada já que a sua revindicação ao trono era muito fraca e, para agravar a situação, o mistério dos filhos de Edward IV e Elizabeth Woodville continuava (e continua) por resolver. Henry VII viu-se a braços com inúmeras revoltas liderados por supostos pretendentes ao trono que se faziam passar pelas crianças desaparecidas na torre até que resolveu o assunto como os reis os resolviam na altura – através de intrigas. O livro fala-nos também de Catarina de Aragão e tem algumas secções interessantes sobre Fernando e Isabel de Espanha. A história de Catarina de Aragão interessa-me imenso porque mostra na perfeição o quão ávaro Henry VII era e o quão pouco os pais “reais”, chamemos-lhe assim, se preocupavam com as filhas a partir do momento em que eram entregues para casamento. Foi uma mulher que sofreu imenso na sua viúvez e no casamento com Henry VIII. Portanto, como se pode ver, há imensos fait-divers interessantes. Mas o livro tem uma grande falha: está pessimamente escrito.

Há uns anos tentei ler um livro da mesma autora sobre Anne Boleyn e não consegui passar das primeiras páginas precisamente pelo método de escrita. Não há respeito por regras gramaticais, não há vírgulas onde deviam haver e há situações absolutamente improváveis como, por exemplo, um futuro Henry VIII de três anos a falar filosoficamente com o irmão Arthur. Com todas as palavrinhas no sítio e com um raciocínio claríssimo. Ora convenhamos que, embora se diga que o rapaz era avançado para a idade, uma criança de três anos não tem noção suficiente do que se passa à sua volta para discutir o reinado do pai com o irmão mais velho e dar opiniões. Também há momentos em que Plaidy se esquece completamente das personagens. No início fala-se muito no confronto de egos entre Elizabeth Woodville e Margaret Beaufort, o que dá uma dinâmica interessante aos diálogos mas, a partir do momento em que a morte de Woodville é narrada, Beaufort cai completamente no esquecimento. Mas completamente. Não volta a ser mencionada uma única vez. Isto parece-me um erro crasso já que Margaret teve um papel proeminente na vida do filho e na educação dos netos. Aceito que não é personagem principal na história que a autora pretende relatar mas… caramba, é a Margaret Beaufort.

Jean Plaidy não tem, então, o dom para tornar História apelativa como, por exemplo, Alison Weir tem. A nível de factos está muito bem contestado, não há uma informação que esteja fora do sítio mas é tudo tão… chato, sem personalidade, sem acção, sem aquele elemento crucial que faz o leitor torcer pelas personagens históricas e adoptar favoritos. Como a Margaret Beaufort, não é, Jean? Aparentemente a senhora também escreveu sagas sobre o reinado da minha adorada Vitória. Até tremo só de pensar.